domingo, 4 de setembro de 2011

Faça Você Mesmo: Pintando Miniaturas (Parte 6)

Agora que o básico sobre pintura de miniaturas já é conhecido, e talvez muitos já tenham começado a se exercitar com suas primeiras pinceladas, vamos nos aprofundar um pouco mais nas técnicas que darão maior realismo à pintura de suas miniaturas.

Lembre-se de aplicar todos os conceitos que já foram explicados até aqui ao utilizar essas técnicas.

Sombras e Luzes (Shades and Highlights)

A idéia principal por trás da grande maioria das técnicas mais avançadas de pintura é simular pontos de sombreamento e iluminação na miniatura. Isto serve para fortalecer o senso de profundidade e ressaltar os detalhes na escultura, e se mostra necessário já que a luz incide nas miniaturas de forma um pouco diferente do que seria nos objetos reais que elas representam. Por isso essas técnicas normalmente são chamadas de efeitos de luzes (highlights) e sombras (shades).

Apesar do nome, algumas dessas técnicas também podem ser utilizadas para realizar degradês de cores, como na mudança do tom de pele do dorso para a ventre em um réptil.

Várias técnicas existem para esse fim, mas por hora veremos duas das mais básicas: a ponta seca (drybrush) e a aguada (washing).

Camada base

“Camada base”, “camada básica”, ou base coating, é o primeiro procedimento a ser realizado ao utilizar qualquer técnica de shades e highlights. Consiste em pintar a área com uma única cor sobre a qual as técnicas de pintura avançadas serão realizadas.

Na maioria dos casos, a camada base é feita na cor média que se quer obter naquela determinada área (por exemplo, vermelho no caso das escamas de um dragão vermelho).

Ponta Seca (Drybrush)

A técnica da “ponta seca”, ou drybrush, é um dos modos mais fáceis e rápidos de realizar o highlight em superfícies com texturas. É uma técnica difícil de ser aplicada em áreas muito pequenas e por isso algumas pessoas não a recomendam, mas em contrapartida também é muito mais simples do que outras técnicas de highlight. Funciona muito bem para a pintura de escamas, cotas de malha, pêlos, cabelos, e para usar em cenários (como rochas, por exemplo).

Para aplicar essa técnica, a primeira coisa a fazer é aplicar a camada base sobre a área a ser trabalhada. Como dito anteriormente, a camada base normalmente é da cor que se quer para a região, num tom mais escuro do que será aplicado no drybrush. Uma excessão a essa regra é para pintura de cota de malha, onde a camada base deve ser aplicada em preto, mesmo que o drybrush seja feito em prateado, obtendo-se um resultado final melhor.

A idéia por trás do drybrush é retirar quase inteiramente a parte líquida da tinta do pincel, deixando ele quase seco, mas ainda com pigmentos. Para isso, mergulhe o pincel na tinta o suficiente para cobrir metade das cerdas e retire a maior parte da tinta passando as cerdas em um papel toalha até a tinta parar de deixar traços visíveis.

Então pincele de leve a superfície com a camada base já seca, usando as pontas das cerdas, de modo que a tinta irá aderir apenas nas áreas mais proeminentes. O drybrush pode ser aplicado em várias camadas sobrepostas, mas a cada nova camada deve-se misturar a tinta em um tom mais claro que o anterior, e a cada vez as pinceladas devem ser mais leves e superficiais que na camada anterior.

Aguada (Washing)

“Aguada”, wash, ou washing, é de certo modo uma técnica irmã do drybrush, mas para realizar shades de forma rápida. Também é melhor para superfícies com texturas, como escamas, cotas de malha, pêlos, cabelos, mas funciona bem também para ressaltar dobras de roupas e outros detalhes das miniaturas.

Para aplicar o washing também é preciso primeiro aplicar a camada base. Com a camada base seca, é necessário diluir um pouco de tinta para realizar o washing. A diluição deve ser bem aguada, numa proporção de 2/3 de água para 1/3 de tinta, ou ainda mais aguada. O importante é não deixar a tinta grossa demais, pois isso pode estragar sua pintura.

Ao aplicar a tinta diluída sobre a área escolhida ela deve escorrer e se alojar nas áreas mais profundas e reentrâncias, gerando a ilusão de sombras. Cuidado para não aplicar o washing com muita tinta no pincel, pois isso pode acabar afogando sua miniatura em tinta possivelmente estragar seu trabalho. O melhor é trabalhar aos poucos e com calma.

Para o washing a tinta diluída não precisa ser da mesma cor que a camada base, apenas mais escura que ela. É comum aplicar washing com tinta preta ou marrom diluída, independente da cor da camada base.

Essa técnica tem mais aplicações do que o drybrush, mas é um pouco difícil de ser domada com perfeição. Quanto mais você dilui a tinta acrílica, mais fraca fica a cor, e o resultado é que o washing pode ser utilizado sempre que você não quer esconder completamente uma superfície com a tinta.

Combinando Washing e Drybrush

As duas técnicas que expliquei acima podem ser aplicadas em conjunto obtendo um resultado final muito bom. Para isso é importante que primeiro seja aplicada a camada base, depois o washing, e por último o drybrush.

Perceba também que a última aplicação de tinta, seja com qual técnica for, deve estar bem seca antes de se aplicar a seguinte, caso contrário todo seu trabalho será destruído.

2 comentários:

  1. Olá. Parabéns pela ótima série. Não entendi bem como fazer essa camada base. Depois da miniatura já pintada eu tenho que passar uma camada de tinta da mesma cor? A camada base não seria a própria tinta da miniatura já pintada?

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    Respostas
    1. Felipe, a "camada base" nessa técnica é a primeira coisa após aplicar o primer.

      É a cor geral que você pretende dar para aquela parte especifica da miniatura (assim, o rosto terá uma camada base, a armadura outra, as botas outra, etc.).

      Após a camada base é que você aplica as técnicas de sombreamento e iluminação.

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